sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Poetas Tribalistas

Revisitando Manoel de Barros não pude deixar de associar essa poesia aos meus amigos poetas tribalistas.

Com carinho procês.

A disfunção


Se diz que há na cabeça dos poetas um parafuso de a menos.

Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso trocado do que a menos.

A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa disfunção lírica.


Nomearei abaixo 7 sintomas dessa disfunção lírica.


1-Aceitação da inércia para dar movimento às palavras.

2-Vocação para explorar os mistérios irracionais.

3- Percepção de contiguidades anômalas entre verbos e substantivos.

4-Gostar de fazer casamentos incestuosos entre palavras.

5-Amor por seres desimportantes tanto como pelas coisas desimportantes.

6-Mania de dar formato de canto às asperezas de uma pedra.

7-Mania de comparecer aos próprios desencontros.


Essas disfunções líricas acabam por dar mais importância aos passarinhos do que aos senadores.


Manoel de Barros, In Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo

2º Encontro de Carros Antigos

O Blog e a Comunidade Cleyde Prado Maia - Do Luto à Luta ficam felizes por apoiar este evento que novamente arrecadará alimentos para entidades assistenciais.

Pensamento do dia

E por falar em Inclusão Social lembrei-me de Lobo Antunes quando nos mostra a forma de exclusão nos portadores de transtornos mentais:

"No fundo o que é um maluco? É qualquer coisa de diferente, um marginal, uma pessoa que não produz imediatamente. Há muitas formas de a sociedade lidar com estes marginais. Ou é engoli-los, transformá-los em artistas, em profetas, em arautos de uma nova civilização, ou então vomitá-los em hospitais psiquiátricos."

António Lobo Antunes in Público, 18 de Outubro de 1992

Inclusão Social

Dia 9 de Março tem Blogagem Coletiva sobre Inclusão Social.

Organizada pela Ester do Blog Esterança.

Mais detalhes aqui.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Vítima do Carinho

Fui vítima da 5ª, a vítima do carinho do Eduardo lá do Vítima da Quinta.

Essa foto caracterizada de “Viúva Porcina” está entre as minhas prediletas e a caricatura deste artista talentoso está supimpa.

Passa por lá, conheça o blog e quem sabe você também não será uma vítima.

Obrigada Eduardo por ter me feito vítima do seu traço carinhoso.

Carnaval

Nosso carnaval em Praia Seca, na casa do meu irmão Sergio, e seu bloco “A Toca de Don Ratão”.




Carro Abre Alas,


Don Ratão após ser coroado pelo amigo Carlinhos, “Don Ratão Gay”,



Léo, o Carvalhão, dando os últimos retoques no microfone do cantor,


Marianna, nossa porta estandarte,


Marquinhos na bateria,


Temos vovós também na bateria,


Parte do bloco,


Parte do bloco.





















quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Poemeto Funk

Tá dominado,
Tá tudo dominado!
Ado, ado, ado,
O amor saiu do seu quadrado.
Todo poder aos loucos
e aos poetas
nesse dia iluminado.

Do meu amigo, poeta tribaslista, JL Santos.

Hoje tem POLEM


Praia do Leme, quiosque Estrela do Sul, enfrente ao restaurante La Fiorentina.

A partir das 19 horas.

Texto Sentido

Recebi ontem o 4º livro do poeta Lau Siqueira: Texto Sentido.

Em sua apresentação já percebemos a sensibilidade do poeta quando diz:

“(...) Enfim, sou poeta e confesso que escrevo poemas. Nada a ver uma coisa com a outra, pois há poetas que nunca escreveram um verso e há versos onde poeta algum jamais passou por perto.

Cidade das Acácias – Miramar, em 10 de agosto de 2007. Tarde de sábado. O vento passeia pelo quintal, juntando as primeiras ramagens do crepúsculo... o silêncio é a música que faz dançar as folhas das árvores.” Lau Siqueira

Você também pode adquiri-lo através do e-mail lausiqueira@yahoo.com, mais detalhes no blog do poeta: Poesia Sim.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Palavras Mutantes

Em colisão

Não quero saber de dúvidas metafísicas,
Teológicas,cósmicas ou transcendentais.
Não quero saber se quem nasceu primeiro foi o ovo ou a galinha
Ou se o Big Bang aconteceu porque Deus estava com gases
E dando um traque monumental abanou o universo
Dando origem à criação.
Quero resolver-me dentro,
Calar esta revolta, pacificar-me
Encontrar um equilíbrio.
Ser cordata e consumada
E deixar de ser meteoro
Em rota de colisão.

Encandescente ,in"Palavras Mutantes", pág.10, Editora Polvo


Erotismo na Cidade

Mãos vazias

Quero um poema puro, um poema duro,

Um poema grito.

Quero um poema estrondo, um poema urro,

Um poema bramido.

Quero um poema guerreiro, um poema aguerrido,

Um poema combate.

Quero um poema bomba , que tudo destrua,

Que tudo arrase…

….

E quero caminhar sobre as cinzas,

E descobrir os meus pedaços,

E reconstruir o presente,

E soltar o meu grito de combate:

Eis-me!

Dura, inteira, guerreira!

Eis-me!

Caneta-arma,

Caneta-amor!

Soltando o meu poema duro,

Cantando e chorando a dor.

Gritando o meu poema urro,

Entoando cantos de amor.

E dando-me em cada verso.

E entregando-me em cada poesia.

E ficar só…

Tão só no fim do poema,

Estendendo as mãos vazias.

Encandescente, Erotismo na Cidade

Encandescente

Essa semana reli os livros da poetisa portuguesa: Encandescente.

Lamentável que não tenham sido editados no Brasil.

CURRICULUM VITAE


Nome:
Já me chamaram uns quantos
Apelido-me outros tantos
Alguns tão inomináveis
Que nem sequer os cito.
Idade:
A suficiente, não a bastante
Para ter juízo e não tenho
Para ser conforme e não sou
Para não sonhar tanto e sonho
Mas também para saber
Que já não serei o Che e não farei revolução.
Nacionalidade:
Imposta.
Nasci onde me pariram
Onde o acaso o ditou
Não escolhi país ou pátria
Estou aqui. Calhou.
Estado:
Muitas vezes zangada
Outras vezes cansada
Com tanta merda que vejo
E por nada poder fazer
Para mudar o estado das coisas
Por isso o estado mais frequente
É a precisar de mudança e em ebulição.
Habilitações literárias:
Algumas
Tenho as estantes dobradas
Com o peso dos livros que tenho.
Formação académica:
Nenhuma
Mas sou muito bem-educada
Até me chegar a mostarda ao nariz
E como nasci tesa e plebéia
Sem ascendentes importantes
E não bebi chá em pequenina
O verniz estala num instante.
Experiência:
Alguma
Nenhuma em áreas relevantes
Algumas muito interessantes
Outras pouco recomendáveis
Mas...
Para este curriculum não interessa nada.
Como o que vigora neste país
É a lei do desenrasca
Eu que tenho os nomes que me chamo
A idade que me apetecer
E sou uma pindérica sem cultura académica
Num país só de doutores.
Considero-me qualificada
Para me desenrascar
Em qualquer função e em qualquer lugar.

Encandescente, in Encandescente – Rui Brito, edições, Lisboa, 2005





A Idade do Conhecimento?

Relógio de meu pai


“E havia um tempo em que o meu olhar dizia:

“Bom dia, Sr. Dia!”

Era o meu primeiro pensamento ao despertar.

Naquele tempo todas as coisas tinham nome próprio.

O relógio, não era o relógio apenas,

O relógio chamava-se Relógio

E as orações da noite eram ditas diretamente a Deus nosso Senhor.

Tudo era familiar.

Ao alcance da mão, da voz, do olhar.

Depois é que veio a Idade do Conhecimento

E ninguém mais se conhece!”

Mario Quintana, In Preparativos de Viagem.