terça-feira, 13 de agosto de 2013

3 anos sem Joanna Marcenal


“Talvez fosse bom que os titulares de altos postos da Justiça nunca se esquecessem de que são juízes, cônscios da sacralidade da missão. O que os faz respeitáveis não são as reverências, excelências ou eminências, mas a retidão das decisões que profiram.”
João Baptista Herkenhoff, in Questões angustiantes de Justiça.

Aguardamos o Tribunal do Júri.
-Homicídio Qualificado (Art. 121, § 2º - CP)
-Crimes de Tortura (Art. 1º - Lei 9.455/97)
-Crime Continuado (Art. 71 - CP)

Há uma família que enterrou uma criança de 5 anos e não consegue terminar seu luto.
Há uma família que sofre diariamente a morte da criança, enquanto seus algozes desfilam serelepes por aí.
Há um sujeito acusado dos crimes acima citados que se prepara para prestar concurso para Juiz.
As palavras morte e saudade para a maioria das crianças são situações abstratas. Para Catarina e João Ricardo, de 5 anos, irmãos de Joanninha, as situações são concretas. Desde muito cedo, convivem com o sentimento do nunca mais.

"Felizes são os homens e as mulheres que não aceitam passivamente os malefícios dos governos e dos indivíduos. A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos tornar cúmplices." Ruth de Aquino

HÁ UMA SOCIEDADE QUE CLAMA POR JUSTIÇA.


Movimento do Processo:

sábado, 10 de agosto de 2013

O barbeador de papai


O barbeador de papai
Ao entrar em uma farmácia para comprar um “melhoral” meus olhos se fixaram em um pequeno estojo de aparelho de barbear. Comprei-o e presenteei meu pai. Ele me deu um beijo, agradeceu e guardou-o na gaveta da cômoda de seu quarto.
Não teve tempo de usar. Três dias após ele partiu.
De repente me lembrei desse pequeno objeto, guardado na minha caixinha de afetos durante tantos anos.
Convivi com meu pai apenas 21 anos, mas tempo suficiente para absorver sua ética, sua indignação diante das injustiças sociais, seu carinho pelos desfavorecidos social e economicamente e sua maneira delicada de presentear sempre acrescentando algo afetuoso ao objeto ofertado.
Saudade de você, pai.


Regina Coeli Carvalho em
Recanto das Letras 10/08/2013
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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dia do Amigo - Cumplicidade

Cumplicidade

Somos amigas desde bebês, como quando os destinos são traçados na maternidade.
Passamos juntas a infância, a adolescência, dividimos alegrias e tristezas, namoramos muito e nos divertimos à beça. Tudo entre nós acabava em gargalhadas.
Na década de 70, gostávamos de freqüentar barzinhos na Ilha do Governador: atitude não vista com bons olhos pela Tia Juçara, mãe da Mara.
Um sábado estávamos em casa durante uma “fossa” da Mara pelo término de um namorico. Resolvemos sair para bater papo, nos distrairmos. No entanto, como não podíamos dizer à tia que íamos à Ilha, usamos a “mentira cor-de-rosa” ao dizermos que íamos ao teatro.
Fomos para um barzinho, que hoje não existe mais, chamado Geranius. Música ao vivo, ambiente aconchegante, ideal à troca de dores de um amor terminado por alguns olhares.
De repente, adentra ao recinto o cantor Waldick Soriano com seu inseparável chapéu. Notamos sua presença, rimos um pouco, afinal, para nossa geração, ele era considerado um cantor “brega”.  Percebemos que ele me olhava insistentemente, desviamos o olhar e ríamos baixinho da situação. Pouco depois, chega o garçom e me entrega um cartão com o telefone do tal.
Ao chegarmos a casa, contamos o ocorrido para Tia Juçara. Ela, surpresa, nos perguntou onde o tínhamos encontrado. Mantivemos a mentira, afirmando ter sido no teatro. Toda a situação fazia daquela noite memorável: rimos tanto que a “fossa” da Mara esvaiu-se pelo ralo.
Foi então que, no dia seguinte, ao acordarmos, encontramos Tia Margarida, que estava de visita rápida a casa de Mara.
Papo vai, papo vem, contamos o ocorrido e - como mentira tem perna curta - quando Tia Margarida perguntou onde o encontramos, Mara respondeu: No Geranius. Imediatamente me encolhi, já esperando a reação de sua mãe. Rapidamente, Tia Juçara, num tom de voz alto e ameaçador, bradou: “Mara, não foi no teatro que o encontraram? Já não te disse que não quero vocês pelas bandas da Ilha? Duas moças sozinhas naqueles bares...”. Mara, que era rápida no gatilho naquelas situações, afirmou: Mamãe, foi no Gerânius sim, depois falamos sobre isso. Eu, a cada momento me encolhia mais na cadeira, pensando o que iria sair dali. Conversas amenas aconteceram e, tão logo, Tia Margarida foi embora. A pobre ainda não havia chegado ao portão de saída, quando Mara se dirigiu à mãe e disse: “Mamãe, quando eu falar alguma coisa a senhora não me desminta, por favor. Tia Margarida vive me pedindo para levá-la ao teatro. Se eu dissesse a verdade, ela ficaria triste comigo”.  Minha saudosa tia, então, lhe pede desculpas. Naquele momento, eu constatei que minha prima-irmã-amiga tinha o talento nato para ser atriz.
É essa história que conto inúmeras vezes para os jovens, quando falamos sobre a juventude gostosa que vivenciamos.
Hoje, eu e Mara não nos vemos com freqüência, pois a correria da vida não permite o contato no dia a dia, mas nossa amizade foi fortalecida com os laços do afeto, que perduram em nossa memória afetiva com o nome de cumplicidade.

Regina Coeli Carvalho, Julho de 2011
Relatei esse episódio inspirada em uma promoção do Dia do Amigo: “Escreva uma história marcante entre você e um amigo”.
Não participei da promoção ficou somente como registro da memória afetiva.


Recanto das Letras
Regina Coeli Carvalho em 19/07/2013
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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Holocausto Brasileiro


 Neste livro-reportagem fundamental, a premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a autora traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma violação dos direitoshumanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omissão da sociedade.

Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.

Quando chegavam ao hospício, suas cabeças eram raspadas, suas roupas arrancadas e seus nomes descartados pelos funcionários, que os rebatizavam. Daniela Arbex devolve nome, história e identidade aos pacientes, verdadeiros sobreviventes de um holocausto, como Maria de Jesus, internada porque se sentia triste, ou Antônio Gomes da Silva, sem diagnóstico, que, dos 34 anos de internação, ficou mudo durante 21 anos porque ninguém se lembrou de perguntar se ele falava.

Os pacientes da Colônia às vezes comiam ratos, bebiam água do esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violados. Nas noites geladas da Serra da Mantiqueira, eram deixados ao relento, nus ou cobertos apenas por trapos. Pelo menos 30 bebês foram roubados de suas mães. As pacientes conseguiam proteger sua gravidez passando fezes sobre a barriga para não serem tocadas. Mas, logo depois do parto, os bebês eram tirados de seus braços e doados.

Alguns morriam de frio, fome e doença. Morriam também de choque. Às vezes os eletrochoques eram tantos e tão fortes, que a sobrecarga derrubava a rede do município. Nos períodos de maior lotação, 16 pessoas morriam a cada dia. Ao morrer, davam lucro. Entre 1969 e 1980, 1.853 corpos de pacientes do manicômio foram vendidos para 17 faculdades de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de cadáveres e o mercado encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio da Colônia, diante dos pacientes, para que as ossadas pudessem ser comercializadas. Nada se perdia, exceto a vida.

No início dos anos 60, depois de conhecer a Colônia, o fotógrafo Luiz Alfredo, da revista O Cruzeiro, desabafou com o chefe: “Aquilo é um assassinato em massa”. Em 1979, o psiquiatra italiano Franco Basaglia, pioneiro da luta pelo fim dos manicômios que também visitou a Colônia, declarou numa coletiva de imprensa: “Estive hoje num campo de concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo, presenciei uma tragédia como essa”.

 
 Trapos humanos eram abandonados nos leitos sem acesso a remédios
Foto: Luiz Alfredo/ Museu da Loucura – 1961

 Pavilhão onde internos dormiam no "leito único", nome oficial para substituição de camas por capim.
Foto: Luiz Alfredo/ Museu da Loucura – 1961

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O andarilho leitor


Ilustração: Homem lendo, André Deymonaz

 
Pela manhã um engarrafamento monstruoso, trânsito desviado, motoristas desavisados, o caos na cidade. O bom humor dá lugar à indignação por tantas obras maquiadas e nenhum respeito pelo povo.
Voltando para casa, agora à noite, encontro o andarilho leitor. Sentado embaixo da banca de jornal aproveitando a iluminação do supermercado com um livro aberto e uma caneta o que sugere que faz marcações durante a leitura.
Em Laranjeiras ele transita sempre arrumadinho com uma mochila, colchonete enrolado, guarda-chuva e sempre acompanhado de um livro.
Desci do carro, dei boa noite e perguntei-lhe que tipo de leitura ele gostava. Com a fala mansa respondeu-me:
-Qualquer uma.
Perguntei seu nome.
-Daniel.
-Eu me chamo Regina e vou trazer uns livros para o senhor.
Um sorriso tímido iluminou seu rosto negro.
Amanhã vou ao seu encontro retribuir o presente que ele me deu.
Sim, voltei para casa com o sentimento de que há esperanças....

terça-feira, 25 de junho de 2013

Será que dói em todos?



Depois de ler alguns comentários preconceituosos e carregados de ódio sobre as mortes na Comunidade da Maré desenterrei essa postagem do Orkut de fevereiro de 2007.
Será que mudou alguma coisa?

domingo, 23 de junho de 2013

Salas de aula e manifestações


A História é viva e dinâmica.
Sala de aula é lugar de debater idéias, fomentar reflexões, introduzir elementos do cotidiano para que alguns assuntos sejam introduzidos o que pode conduzir a mudanças de paradigmas.
Vez em quando o conteúdo programático necessita ser “atropelado” para não perdermos a oportunidade de ouvir os anseios e dúvidas de nossos alunos.
Pegando carona na postagem da amiga Vanessa Anacleto, sugiro alguns conceitos para serem debatidos e esclarecidos.
“Sistema partidário, o que é democracia, como funciona uma eleição, o que é necessário realmente para se destituir por impeachment entre outros temas.”
Somente quando nos conscientizarmos que o modelo tradicional precisa ser substituído e que as diferenças em conjunto produzem conteúdo mais rico será possível formar seres críticos e pensantes.

Imagem: Reprodução do livro Cuidado: Escola

terça-feira, 18 de junho de 2013

Manifestação Rio de Janeiro 17 de Junho de 2013


Protestar, ato que reúne diferentes tribos
Ainda que jovens universitários sejam uma parcela significativa dos manifestantes nas principais cidades do país, eles não estão sozinhos. Iniciativas e grupos se formaram nas redes sociais para engrossar as fileiras de protestos. São mães de estudantes, aficionados por tecnologia, brasileiros no exterior e estrangeiros e inclusive gente que, na impossibilidade da presença física, garantiu apoio virtual.

Mãe da fotógrafa Anna Clara Carvalho, de 23 anos, a psicóloga Regina Coeli Carvalho, de 58, foi apoiar a participação da filha na manifestação de ontem no Rio. Sua presença foi também uma lembrança de outros atos dos quais ela própria participou no passado.
- Com 13 anos, estive na minha primeira manifestação de rua. Desde então, tenho participado de muitas. É muito cômodo criticar o comportamento dos jovens sem fazer nada.
Se queremos que as coisas mudem, devemos demonstrar nosso apoio, apesar da preocupação que possamos sentir por eles. Por isso, estarei também lá – afirma Regina. – Estou feliz de ver a minha filha engajada também porque ela é um reflexo do meu ativismo.
(...)
O Globo, 18/06/2013

domingo, 16 de junho de 2013

Joana Xavier de Souza Lisboa


O relato comovente da mãe, Lenore Xavier de Souza, que procura sua filha Joana há dois anos e três meses.

Aqui continua tudo igual… Meus livros todos mal arrumados, minhas roupas divididas em cor, sem cor. Minhas apostilas bagunçadas, meu cérebro fuçando lembranças, eu voltando á Escola, ou pesquisando na internet. Ligando, ligando. Procurando por toda a parte hora tentando sofrer de amnésia. Eu e você separadas, distância, sem o encontro e chegada na partida. Vai e vem, em dias nublados, com sol ou chuva fininha. Indo dormir com uma incerteza tão incerta, acordando sem saber coisa alguma. Chorando, pessoas cada vez mais distantes, te tratando como causa e não como gente. Me exigindo militância e não me trazendo nada, só meia consideração, meias medidas, meias palavras, meias pieguices, meias vontades de ajudar, muita piedade. Amantam a ti ao grande número de pessoas que se procuram, perdestes tua identidade, és uma estatística, algumas fotos, raras lembranças de quem te conheceu. A família já não toca em teu nome, sinto uma certa rejeição, somo se fosses culpada de um grande crime, alegam cuidado em não me magoar, mal sonham eles que o que magoa é a enorme indiferença. Todos me perguntam se há pistas de teu paradeiro, mal sonham que é esta minha grande pergunta. Ficaste eternizada em banners e cartazes, até em outros estados. passeias em eventos de corajosas mães que não te conhecem mas sim teu nome, o meu e teu rosto. Aqui tudo está igual, a Catarina como sempre companheira, me segue como sombra a onde quer que eu vá, Ninguém te procura pelas ruas a não ser eu. Sei que a maioria desistiu de acreditar que ainda vives, pensam que não leio em seus rostos e em seus disfarces.
Mas eu te amo filha do meu coração, Conta comigo, sempre, com meu amor e minha Fé e com minha luta também, está perto Joana, muito perto!!!

sábado, 15 de junho de 2013

Assumindo o comando.....


(...)
Verifique a conta
É você que vai pagar.
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: o que é isso?
Você tem que assumir o comando.
Bertold Brecht

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Direito de resposta Pr. Marcos Pereira


Quando eu penso que já vi tudo aparece a assombração.
Recebi o seguinte e-mail:

Release: Direito de resposta Pr. Marcos Pereira
Prezados,
Segue um release para publicação.
Cordialmente,
Agencia de Notícias América Latina
------
Não vou copiar o conteúdo, pois não acredito no mesmo.
Fiquei muito indignada.

Eis a minha resposta:

Prezados,
Não entendi porque recebi esse e-mail.
A vida do Sr. Marcos Pereira não me interessa nem um pouquinho.
Se ele está preso não foi a toa. Não acredito que se a Justiça não tivesse provas contundentes ele não estaria em Bangu.
Aguardemos a justiça, porque de falsos testemunhos eu estou cansada!
Por gentileza, retire meu endereço eletrônico de sua listagem.
Caso ele seja inocente que a justiça o liberte, caso contrário que vá queimar nos quintos dos infernos.
Saudações.
Sra. Carvalho

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A eterna manutenção do elevador do Metrô Largo do Machado

 Aviso externo

Aviso interno

Há muito tempo o elevador da Estação Largo do Machado encontra-se “em manutenção”.
Cadeirantes são impedidos de usar a estação devido à falta de acesso.
Uma cidade precisa funcionar para seus habitantes. Chega de obras faraônicas e maquiadas para Olimpíadas, Copa, Jornadas e etc.
Quem fiscaliza a concessionária Metrô Rio?

terça-feira, 7 de maio de 2013

Dignidade não pode ter CEP


Confesso que ao ler ontem o pronunciamento do Marcelo Freixo sobre a operação que matou o traficante Matemático a minha emoção falou mais alto e pensei que ele estava defendendo um bandido. Porém, quando a razão entrou na história entendi seu posicionamento. Não estava defendendo o traficante e sim a forma como a operação foi realizada.
Convivi durante muitos anos com alunos que moravam em comunidades constantemente vítimas de tiroteios entre polícia e bandidos.
Quando lecionava à noite cansamos de liberar alunos mais cedo, pois os pais ligavam para a escola solicitando que seus filhos voltassem para casa porque “o tiro ia comer solto”.
Precisamos sair um pouquinho da nossa zona de conforto e lançar um olhar generoso para aqueles que são reféns dessa guerra que atinge em maior proporção quem vive nas zonas norte e oeste.
Transcrevo parte do discurso do Freixo entendendo que a dignidade não pode ter CEP.


"O que estamos defendendo é que se tenha controle legal sobre as ações de quem responde pelo Estado. Que aja conforme o interesse público. Porque hoje se mata um traficante e a amanhã pode matar qualquer pessoa. Não se trata de uma defesa de um traficante ou outro. O tráfico é cruel, é violento e massacra a vida dessas comunidades, mas o Estado não pode competir com o tráfico de quem tem mais capacidade de ser violento. Tem algo que diferencia o Estado e o crime, que é a nossa necessidade de cumprirmos a lei. E esse episódio precisa ser investigado. Por que o helicóptero estava sozinho, já que não tinha operação por terra? Por que os tiros são dados colocando a vida de terceiros em risco? Não podemos permitir isso. Uma operação como essa jamais aconteceria em outro território que não fosse uma favela da Zona Norte ou Zona Oeste do Rio. A dignidade das pessoas não pode ter CEP. O tráfico é bárbaro, tem que ser enfrentado, mas o Estado não pode abrir mão do seu papel legal. Nós queremos uma política de segurança pública eficaz, que os policiais sejam valorizados, mas que garanta direitos e, acima de tudo, seja comprometida com a dignidade humana", afirmou Marcelo Freixo.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Dia do Trabalho



Uma homenagem ao grande trabalhador, defensor incansável dos direitos dos comerciários, homem íntegro, politizado, amigo de políticos sem NUNCA ter se valido de amizades para tirar algum proveito em causa própria.
Diferente dos dias atuais os sindicalistas de sua época não se licenciavam, trabalhavam em seus empregos, exerciam seus mandatos fora do horário de trabalho.
Com ele aprendi a lutar pelos meus direitos, a ter um olhar generoso pelos desvalidos e a me indignar perante as injustiças.
Meus valores éticos e morais aprendi com seus exemplos.
Meu pai!

terça-feira, 30 de abril de 2013

A resposta da “Onofre em Casa”




Ontem, pela manhã, recebi um telefonema da Sra. Flavia, representante da “Onofre em Casa”, com o objetivo de maiores esclarecimentos sobre a postagem anterior que havia tomado conhecimento através do blog.
Depois de pedidos de desculpas pelo ocorrido, enviou outra caixa de lenços de papel. Como o entregador deixou a encomenda na portaria não pude enviar a caixa recebida quando da minha compra.
A lição que fica de tudo isso é:
-Não podemos nos acomodar e aceitar passivamente quando nos sentimos prejudicados. Não foi pelo valor da compra que reclamei e sim pela falta de respeito com o consumidor.
-A empresa só pode tomar providências e melhorar seu serviço quando recebe o feedback do cliente. Se não damos retorno sobre o atendimento sinalizamos que está tudo bem.

sábado, 27 de abril de 2013

Onofre em Casa ou o famoso jeitinho brasileiro





Resfriada fiz um pedido à Onofre em casa, nº 477949, dentre alguns itens uma caixa de lenço de papel. Ao manusear a mesma observei um elástico prendendo a caixa. Ao retirar o elástico constatei que a caixa está descolada. Isso eu chamo de muita CARA DE PAU, se colocassem ao menos uma colinha eu não me sentiria tão desrespeitada.
Levando-se em conta que não comprei um saco de batata e sim lenços para usar no estado gripal é um abuso tal procedimento.
Realmente vivemos no país do faz de conta.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Chega de impunidade!


Como mulher não consigo me calar diante do comportamento destas bestas e de algumas notícias que corroboram que não estamos em um país sério.

“As defesas dos três acusados pediram a transferência deles de Bangu 9. As advogadas alegaram que os réus estão sofrendo violência por parte de outros presos. As defesas pediram também que eles sejam submetidos a exame de corpo de delito. Carlos estaria com uma lesão no olho esquerdo.”

Não sei o que leva mulheres a defenderem essas feras. Mesmo designada pelo juiz eu me recusaria a tal atividade.
Então os machos estão com medo e se sentem ameaçados? Onde está a valentia?

O governador Sérgio Cabral classificou ontem o ataque aos turistas como uma "atrocidade".
“- Nossa polícia agiu rapidamente, prendendo os responsáveis, demonstrando que aqui não há impunidade. Por outro lado, graças a Deus, isso não é um crime comum no Rio e no Brasil. Violência contra a mulher, infelizmente, ainda existe. O Rio está aparelhado com delegacias da mulher.“

Dez dias após o ocorrido o governador classifica o episódio como uma atrocidade e diz que a polícia agiu rápido. Agiu não, senhor governador, havia uma queixa de outro estupro cometido pelas mesmas feras e essa delegacia de mulheres que o senhor disse estar aparelhada nada fez. Seria mais prudente o senhor continuar calado sem se manifestar como fez desde o início.

Está na hora de irmos para as ruas gritar, espernear, fazer barulho para que nossos legisladores tirem a bunda das cadeiras acolchoadas de seus gabinetes e se mexam a fim de mudar esse código penal decrépito do tempo que se amarrava cachorro com lingüiça.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pessoa e seus heterônimos


"...É sério tudo que escrevi sob os nomes de Caeiro, Reis, Álvaro de Campos.
Em qualquer destes pus um profundo conceito da vida, diverso em todos os três,
mas em todos gravemente atento à importância misteriosa do existir."

Fernando Pessoa, In Carta a Armando Côrtes-Rodrigues, 19-janeiro-1915

sexta-feira, 22 de março de 2013

Eles não me representam...


 Artigo Final
 Fica proibido o uso da palavra liberdade,
 a qual será suprimida dos dicionários
 e do pântano enganoso das bocas.
 A partir deste instante
 a liberdade será algo vivo e transparente
 como um fogo ou um rio,
 e a sua morada será sempre
 o coração do homem.

Thiago de Mello , Os Estatutos do Homem, (Ato Institucional Permanente)
Santiago do Chile, abril de 1964

sexta-feira, 15 de março de 2013

Respeito é bom e nós exigimos


A eleição do Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados tem sido motivo de grande discussão na imprensa e nas redes sociais.
A mim pouco importa que essa pessoa seja um evangélico, católico, umbandista, judeu, espiritualista, budista ou até mesmo ateu.
O diferencial que se espera da postura de alguém que ocupe esse cargo é de RESPEITO ao ser humano, independente de sua sexualidade, religião, raça ou quaisquer outros atributos.
O ápice da minha indignação se deu no dia 13 de março, ao observar a foto postada no site do UOL, em que  o Deputado Jair Bolsonaro, componente da Comissão, exibia um cartaz dirigido às pessoas que contestavam a reunião, com termos de baixo calão.
Fica a pergunta que não quer calar: Ainda existe Decoro Parlamentar ou é Atitude Para Lamentar?

quarta-feira, 13 de março de 2013

Joana Xavier de Souza Lisboa - 2 anos desaparecida


Há dois anos acompanho o sofrimento dessa mãe em busca de sua filha e/ou notícias da mesma.
Eis o apelo recebido da amiga Lenore sobre o desaparecimento da filha.

“Dois anos procurando por ti minha filha, espero que estejas feliz, não importa o quanto eu sinta saudade, não importa o quanto eu hoje fique triste, o que eu quero é que estejas bem e se comunique comigo.
Continuarei te procurando sempre. Só ou junto com pessoas generosas que tenho encontrado durante este tempo. Só peço e desejo que me informem a VERDADE, e se tu estás lendo isto, ou se alguém souber de ti e esteja lendo que se ponha um segundo em meu lugar e me ligue, mande e mail, recado, mensagem, que irei a qualquer lugar deste mundo te encontrar.
JOANA DESAPARECIDA EM 13 03 2011, 48 84345868 lenorexs@hotmail.com

Pior que a dor da perda é conviver com a esperança de reencontro, a falta de informações consistentes e o descaso das autoridades.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Para os homofóbicos de plantão



Enquanto se discute o sexo dos anjos crianças são abandonadas. Com um pouco de sorte algumas são encaminhadas para os abrigos, mas a maioria vaga pelos sinais, dorme pelas ruas e já é grande o número das crianças-zumbis nas comunidades de crack.

*Postei essa mensagem essa semana no facebook como até o momento já foi compartilhada por 179 pessoas resolvi compartilhar por aqui.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Minhas histórias dos outros


Leitora de Zuenir Ventura só descobri esse livro há alguns dias na Feira do Livro do Largo da Carioca.
Leitura imperdível para aqueles que não viveram os anos de chumbo.

“Não viemos a Terra para julgar, nem para prender ou condenar; viemos para olhar e depois contar. Não somos juizes, não somos promotores, somos jornalistas, somos testemunhas de nosso tempo, uma testemunha crítica, não necessariamente de oposição, mas implacavelmente crítica”  Zuenir Ventura

Este livro traz o testemunho de Zuenir Ventura, um dos mais brilhantes jornalistas de nosso tempo, sobre um período que vai do final dos anos 50, quando publica  suas primeiras reportagens, até os dias de hoje. Em meio a lembranças pessoais e coletivas, estão as principais mudanças comportamentais, políticas e sociais, revividas em episódios conhecidos e desconhecidos, em personagens famosos e anônimos.
Pela excelência do texto e a diversidade da narrativa, Minhas Histórias dos Outros é como o romance real de uma época em que houve do melhor e do pior: revolução sexual e arrojadas aventuras existenciais, mas também flagelos planetários como a aids e o narcotráfico: depressão e euforia, choro de alegria e de tristeza.
Há momentos cômicos e surpreendentes, como a entrevista com Fidel Castro, que nunca pôde ser publicada. Ou a foto acidental da calcinha branca de Jacqueline Kennedy. E há dramas pungentes como a saga de uma testemunha marcada pelo destino. Em suma, o livro de Zuenir é uma fascinante aventura humana.

Ventura, Zuenir
Minhas Histórias dos Outros
São Paulo: Editora Planeta, 2005

 
"Mal foi amanhecendo no subúrbio
As paredes gritaram: anistia
Rápidos trens chamando os operários
Em suas portas cruéis também gritavam:
Anistia, anistia"
Escrito por Carlos Drummond de Andrade no período da Campanha pela Anistia:
Página 98

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

1ª Camisa do Fluminense


De inspiração inglesa a pioneira camisa do Fluminense Football Club foi adotada oficialmente em 17 de outubro de 1902, menos de três meses depois de sua fundação. Esporte fino, o colarinho, a gola e o punho traziam botões para ajustar o caimento. Completavam o uniforme calção branco, meias pretas e boné cinza, com lista horizontal preta. Para o chamado primeiro time, um privilégio: seus bonés eram cinza e branco, com o escudo do clube – F.F.C. – acima da viseira. Sua estréia oficial se daria dois dias depois contra o Rio Football Club. Goleado por 8 a 0, o adversário não chegaria a completar um ano de existência. De branco e cinza, o Fluminense jamais conheceu derrota.

Fonte: Revista Tricolor/Brahmeiro Futebol Clube
*A relíquia encontra-se na sala de troféus nas Laranjeiras
**Mantida a grafia original

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Lugar Escuro


Em O Lugar Escuro, Heloisa Seixas narra uma história real, a sua própria, entrelaçada com um pesadelo familiar. Todas as fases da lenta degradação de uma mente comprometida são descritas de forma minuciosa e assustadora neste livro que, de tão fantástico, às vezes parece ficção, ou "uma espiral assombrada", como define a escritora. Mas quem já conviveu com pessoas afetadas pelo mal de Alzheimer sabe que a realidade é assim - uma sucessão de memórias perdidas, um vazio que vai tomando tudo, uma realidade fugidia, em que o doente se transforma no avesso de si mesmo. Como quem procura pistas para sair de um labirinto, Heloisa Seixas reproduz essa trajetória, que nos assusta e atrai, com sua dose diária de estranhamento e loucura. Das raízes familiares, num casarão da Bahia, à vida no Rio dos anos dourados, Heloisa faz uma viagem ao passado de sua mãe, esquadrinhando a mente que aos poucos se estilhaça. O Lugar Escuro é um relato corajoso - narrativa catártica que tem o poder de emocionar, e também de aproximar o leitor desse cotidiano que massacra um número cada vez maior de pessoas e que é a principal causa de demência entre idosos no Brasil e no mundo.


O Lugar Escuro
Heloisa Seixas
Editora Objetiva

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A casa materna

Casa da minha infância



Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão tem uma velha ferrugem e o trinco se encontra num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões e samambaias, que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.

É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. o assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em preces, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.

A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo em que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta, de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para os quartos cheios de sombra. Na estante junto à escada há um Tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema da beleza: o verso.

Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas-espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoitos de araruta - pois não há lugar mais propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna. E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnância que vem de longe. Em cima ficam os guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna, sabe porque queima às vezes uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia.

A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola. Seu corpo como que se marca ainda na velha poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre de sua casa materna, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas e as mãos filiais ainda mais unidas em torno à grande mesa, onde já agora vibram também vozes infantis.

Vinícius de Moraes