quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

1ª Camisa do Fluminense


De inspiração inglesa a pioneira camisa do Fluminense Football Club foi adotada oficialmente em 17 de outubro de 1902, menos de três meses depois de sua fundação. Esporte fino, o colarinho, a gola e o punho traziam botões para ajustar o caimento. Completavam o uniforme calção branco, meias pretas e boné cinza, com lista horizontal preta. Para o chamado primeiro time, um privilégio: seus bonés eram cinza e branco, com o escudo do clube – F.F.C. – acima da viseira. Sua estréia oficial se daria dois dias depois contra o Rio Football Club. Goleado por 8 a 0, o adversário não chegaria a completar um ano de existência. De branco e cinza, o Fluminense jamais conheceu derrota.

Fonte: Revista Tricolor/Brahmeiro Futebol Clube
*A relíquia encontra-se na sala de troféus nas Laranjeiras
**Mantida a grafia original

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Lugar Escuro


Em O Lugar Escuro, Heloisa Seixas narra uma história real, a sua própria, entrelaçada com um pesadelo familiar. Todas as fases da lenta degradação de uma mente comprometida são descritas de forma minuciosa e assustadora neste livro que, de tão fantástico, às vezes parece ficção, ou "uma espiral assombrada", como define a escritora. Mas quem já conviveu com pessoas afetadas pelo mal de Alzheimer sabe que a realidade é assim - uma sucessão de memórias perdidas, um vazio que vai tomando tudo, uma realidade fugidia, em que o doente se transforma no avesso de si mesmo. Como quem procura pistas para sair de um labirinto, Heloisa Seixas reproduz essa trajetória, que nos assusta e atrai, com sua dose diária de estranhamento e loucura. Das raízes familiares, num casarão da Bahia, à vida no Rio dos anos dourados, Heloisa faz uma viagem ao passado de sua mãe, esquadrinhando a mente que aos poucos se estilhaça. O Lugar Escuro é um relato corajoso - narrativa catártica que tem o poder de emocionar, e também de aproximar o leitor desse cotidiano que massacra um número cada vez maior de pessoas e que é a principal causa de demência entre idosos no Brasil e no mundo.


O Lugar Escuro
Heloisa Seixas
Editora Objetiva

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A casa materna

Casa da minha infância



Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão tem uma velha ferrugem e o trinco se encontra num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões e samambaias, que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.

É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. o assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em preces, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mudamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.

A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo em que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta, de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para os quartos cheios de sombra. Na estante junto à escada há um Tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema da beleza: o verso.

Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas-espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoitos de araruta - pois não há lugar mais propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna. E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnância que vem de longe. Em cima ficam os guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna, sabe porque queima às vezes uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia.

A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola. Seu corpo como que se marca ainda na velha poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre de sua casa materna, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas e as mãos filiais ainda mais unidas em torno à grande mesa, onde já agora vibram também vozes infantis.

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rosemberg


Trilhava um caminho de alegria, generosidade e afetividade faziam parte do seu cotidiano.
Sorriso franco de quem sabia aonde ir.
Vento no rosto e olhar refletindo a luz da esperança...
Então, repentinamente escureceu.

Berg,
Ontem revi muitas fotos suas, das micaretas com a Clara, das festas de aniversário da Clara, do trabalho na “Oficina do Papai Noel”, das festas das crianças soropositivas, em todas elas o seu sorriso se fazia presente.
Sua alegria será sempre a nossa lembrança.
Meu afeto e minha saudade.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Gigantes da Lira, o bloco poético



Em criança, criada no subúrbio, freqüentava junto a minha família o bloco do Boizinho. Reunião de famílias que levavam suas crianças a pular ao som de marchinhas acompanhando os passos do boi.
Na adolescência, trabalhando e estudando, passei a preferir os bailes dos clubes.
Quando do nascimento da Clara passamos a viajar no período de carnaval.
Em 2002 meu irmão, Sergio, fundou o bloco “A Toca de Don Ratão” que desfilava pelas ruas do Condomínio Palm Beach em Praia Seca.
Acompanhei o bloco durante 6 anos, posteriormente não me motivei mais a pegar estrada, enfrentar engarrafamentos, conviver com os espertinhos que furam as filas para trafegar pelos acostamentos.
Em 2008 acompanhei pela primeira vez o Gigantes da Lira, bloco fundado 1m 1999 pela Sra. Yeda  Dantas que dá voz ao personagem Dr. Giramundo.
Escusado de dizer do meu encantamento. O verdadeiro carnaval de “antigamente”,
Famílias reunidas, crianças fantasiadas, músicas lúdicas, algumas marchinhas antigas, sem contar a famosa homenagem a Dona Elizabeth, momento que a Banda toca Carinhoso em serenata abaixo de sua janela. Momento de lágrimas que rolam ao meio de purpurinas, confetes e serpentinas.
Este ano dona Elizabeth não estava lá e sua janela vazia foi motivo de carinhas tristes e perguntas que ficaram no ar.
Esse é o carnaval que precisa ser resgatado.
Como disse a Yeda, na abertura do desfile, o Gigantes da Lira é poesia, é lúdico é encantamento.
Que nossas crianças possam conviver durantes muitos anos com essa alegria que resgata o valor das famílias na participação das atividades lúdicas de seus filhos.
Parabéns Yeda por ter contribuído com a alegria do carnaval de Laranjeiras.
Parabéns aos integrantes e organizações do bloco pelo espírito de solidariedade e organização.
Parabéns para nós que ficamos um pouco mais esperançosos que algo nesse país pode ser saudável sem que nossos governantes dêem seus palpites com o objetivo a curto ou longo prazo de privatizar também o carnaval de ruas.